Há metaversos suficientes ao não acessar nada

Há metaversos suficientes ao não acessar nada.
Em quais redes me conecto?
Sei lá em quais redes me conecto!
Se eu ficasse offline, pensaria nisso.
Que memes eu divulgo?
Que opinião tenho sobre os posts?
Tenho meditado sobre a Internet e a conexão?
E sobre a velocidade do download?
Não sei. Para mim, pensar nisso é desligar o celular.
E não me conectar. É correr as cortinas
das janelas dos aplicativos (mas estes não têm janelas).

A criptografia assimétrica? Sei lá o que é criptografia!
A única criptografia é haver quem tenha o que esconder.
Quem está na nuvem e se desconecta,
Começa a saber o que é o mundo real.
E a pensar muitos momentos felizes.
Recordar vivências,
e já não precisa acessar nenhum site.
E sente a luz do sol,
que "vale mais que os pensamentos
de todos os filósofos e de todos os poetas."
E que "não sabe o que faz
e por isso não erra e é comum e boa."

Metaverso? Que metaverso têm naqueles prédios?
Por serem altos e terem janelas
e por serem habitados?
E a de aparecer vez ou outra com um recém-nascido,
que coisa boa é ver um bebê!
Então, que melhor verso que esse Universo
de pais e filhos, avós e netos, bisavós e bisnetos.
Esse mundo é tão belo!
Por que fugir para um Metaverso de fantasia?
O melhor é viver na realidade?

Baseado no poema Há metafísica bastante em não pensar em nada (Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa)